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Orientação de pais (Presencial e On-line)

Mary Cassatt (1884). Portrait of Alexander J. Cassat and his son Robert Kelso Cassatt. Philadelphia Museum of Art.

A vida em família é a principal referência que a criança e o adolescente dispõem para a formação da sua personalidade. Por isso, a importância dos pais para o seu desenvolvimento emocional é única, e a maneira como eles vivem a maternidade ou a paternidade repercute no psiquismo dos filhos e filhas. Essa responsabilidade, mesmo com toda a gratificação que lhe é própria, é às vezes acompanhada de muita insegurança. Os pais podem sentir que a felicidade ou a infelicidade dos filhos depende integralmente deles. Diante disso, podem se perder na busca de um ideal de perfeição para si mesmos como pais, o que faz com que a parentalidade se torne pesada e pouco espontânea. Winnicott, psicanalista inglês, afirmou, no caso da mãe, que ela não deve ser perfeita, mas suficientemente boa. O papel do pai, estudado posteriormente, também vai nessa direção. Mas o que quer dizer ser uma mãe ou um pai “suficientemente bons”?

Um ambiente familiar suficientemente bom é aquele em que pode existir uma aproximação afetiva entre os pais e a criança ou adolescente, em que os primeiros compreendem as necessidades do filho ou da filha, e reagem em função delas como em uma dança. Suficientemente bom ou boa é a qualidade da relação que se estabelece, e não a pessoa em si do pai ou da mãe. No entanto, o relacionamento entre pais e filhos não é feito só de harmonia, mas também de conflitos. Nesse sentido, é necessário fazer a diferença entre o que é necessidade, para o filho ou a filha, e o que é desejo, o que precisa ser satisfeito e o que não deve ser atendido, porque a experiência da frustração é necessária para o crescimento emocional, desde que ela aconteça na medida em que a criança ou o adolescente possam tolerá-la.

A parentalidade é algo muito complexo, porque exige que os pais se identifiquem com a criança ou adolescente para entendê-los. Para isso, os pais precisam revisitar o próprio passado como crianças e, ao mesmo tempo, manter-se na posição de adultos diante do filho ou filha. Esse processo nem sempre ocorre de maneira fluida, podendo haver muitos reveses. Às vezes, os pais carregam cicatrizes da própria infância ou adolescência, que dificultam a sua aproximação emocional com o filho ou filha. Por mais que tentem, podem não conseguir compreendê-los.

Além disso, a realidade atual apresenta grandes desafios para quem assumiu a responsabilidade da parentalidade. Os papéis de pai e de mãe não são fixos; eles mudam muito de família para família, sem que haja um modelo certo ou errado. As famílias também são plurais e o padrão nuclear de pai, mãe e filhos é apenas um entre vários outros. Famílias monoparentais, homoparentais e recompostas são cada vez mais presentes no nosso cotidiano, e os avós têm tido uma participação maior na educação dos netos. Ainda, diante de um mundo que se transforma em uma velocidade vertiginosa, o que os pais aprenderam nem sempre é suficiente para ensinar os filhos a viverem hoje em dia.

Por isso, a ajuda de um psicólogo pode ser necessária, não para ensinar um modo ideal de viver em família, mas para acompanhar cada pai ou mãe, ou cada cuidador de uma criança ou adolescente, em uma jornada para descobrirem a sua forma única de viver a experiência da parentalidade, bem como a encontrarem um modelo educativo pessoal. Uma ajuda profissional também contribui para promover a aproximação afetiva entre os pais e seus filhos e filhas, quando isso é necessário. Por essa razão, o trabalho de orientação de pais pode acontecer de maneira concomitante à psicoterapia da criança ou adolescente, ou simplesmente como uma demanda deles, para refletirem sobre a sua parentalidade. Podem decidir buscar um espaço individual para isso, ou compartilharem as suas experiências com outros pais. Caso você deseje iniciar um processo de reflexão sobre a sua experiência junto ao seu filho ou filha, pode se inscrever a partir do link abaixo, tendo a opção por um atendimento individual (ou de casal) ou em grupo.

Mary Cassatt (1908) Mother and child in a boat,
Addison Gallery of American Art, Andover, MA, United States.
Vincent Van Gogh (1890) First steps, after Millet, The Metropolitan Museum of Art, New York.

O filho que eu quero ter

É comum a gente sonhar, eu sei, quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar um sonho lindo de morrer
Vejo um berço e nele eu me debruçar com o pranto a me correr
E assim, chorando, acalentar o filho que eu quero ter

Dorme, meu pequenininho, dorme que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho de tanto amor que ele tem

De repente, eu vejo se transformar num menino igual a mim
Que vem correndo me beijar quando eu chegar lá de onde eu vim
Um menino sempre a me perguntar um porquê que não tem fim
Um filho a quem só queira bem e a quem só diga que sim

Dorme, menino levado, dorme que a vida já vem
Teu pai está muito cansado de tanta dor que ele tem

Quando a vida enfim me quiser levar pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba me roçar no derradeiro beijo seu
E ao sentir, também, sua mão vedar meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz a me embalar num acalanto de adeus

Dorme, meu pai, sem cuidado, dorme que ao entardecer
Teu filho sonha acordado, com o filho que ele quer ter

Toquinho